Um fato é certo: eu sempre tive asas. Mas de que adiantam as asas quando você não aprendeu a voar? Ou quando não ensinaram a você? Um pássaro criado preso é diferente de um que vive livremente. O primeiro, quando encontra uma brecha para escapar, não sabe como alçar voo e acaba se perdendo no tempo, e no vento, ou morrendo. O segundo aprendeu a viver, ele sabe quem é, ou como se encontrar.
O mesmo acontece com as pessoas.
Muitos não sabem como é lá fora.
Porque vivem presos, em uma torre tão alta quanto a imponência daqueles que o proíbem de conhecer o que é viver. Ou por puro medo de viver o que há pra viver. Há sim perigos lá fora. Há sim pessoas de todos os jeitos, cor e religião. E é necessário se aventurar, se encontrar, ou simplesmente saber qual o seu lugar. E melhor ainda, é muito bom ter alguém para lhe mostrar o mundo, já que nunca deixaram o seu coração andar.
E não precisa ser um alguém amor. Basta ser um alguém amigo. Alguém disposto a te fazer conhecer o mundo, a dar o primeiro empurrão. Porque vontade você sempre teve, só não sabia como fazê-la se tornar um fato. E como é belo o mundo. Há tanta diversidade!
Mergulhe de cabeça no desconhecido. A sensação de liberdade é maravilhosa! Por vezes você correrá contra o tempo, se preocupará com a hora de voltar ao mausoléu dos sonhos antes que aquele que os reprime perceba a sua falta, a sua ausência. Muitas vezes você terá que fugir, se impor. Só não esqueça da mão amiga, do pássaro amigo pra te guiar; o pássaro que sempre soube voar, porque a ele foi incumbido a missão de te conhecer. Nada acontece por acaso. E ele agora faz parte do meu mundo, o mundo no qual eu ando, corro e voo.
Uma frase de Clarice Lispector cairia bem agora no contexto que vos apresento: ''Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.'' Vivam!
Obrigada pássaro amigo.
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